Hoje que seja esta ou aquela, pouco me importa. Quero apenas parecer bela, pois, seja qual for, estou morta. Já fui loura, já fui morena, já fui Margarida e Beatriz. Já fui Maria e Madalena. Só não pude ser como quis.Que mal faz, esta cor fingidado meu cabelo, e do meu rosto, se tudo é tinta: o mundo, a vida, o contentamento, o desgosto? Por fora, serei como queira a moda, que me vai matando. Que me levem pele e caveira ao nada, não me importa quando. Mas quem viu, tão dilacerados, olhos, braços e sonhos seus e morreu pelos seus pecados,falará com Deus. Falará, coberta de luzes, do alto penteado ao rubro artelho. Porque uns expiram sobre cruzes, outros, buscando-se no espelho.Cecília Meireles
Flor de poemas, Editora Record, 1998 - Rio de Janeiro, Brasil
domingo, 1 de março de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário